Debate em Adamantina
Em
Adamantina este bate papo fez parte da programação do projeto “Roda Cultura” no
distrito de Lagoa Seca. Tivemos o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e a
conversa foi animada e se não fosse o horário adiantado para o almoço o papo iria
mais longe.
Estavam
presentes vários funcionários da própria Secretaria Municipal de Cultura como o
Passarinho, a Jurema com seu filho Enrico seu marido o grande cozinheiro
Valter, o Acácio, Henrique, Irisvaldo, Patrícia e a Cintia com o Pedro seu
filho.
Fizemos
uma prévia do que pretendíamos ali com nossas discussões sobre a realidade
local do cotidiano artístico dos grupos de artes e as políticas voltadas para a
cultura no âmbito municipal.
A
administração pública em qualquer Secretaria tem que ser planejada, discutida e
avaliada junto com os beneficiários da mesma e não seria diferente na área da
cultura. Em Presidente Prudente, nossa experiência nesta participação junto a
Secretaria de Cultura foi das piores no Conselho Municipal de Cultura. Passamos
por vexames com manifestações cretinas, mentiras do próprio Secretario
Municipal Fábio Nougueira e coerções do poder público municipal e foi
necessário explicar mais a fundo a este grupo que se iniciava a conversa os
motivos pelo qual somos contra a ação apática, personalista e coronelista dessa
pasta sem sermos partidários em nossas avaliações sobre as políticas feitas que
não podem ser consideradas como pública e produzida pela elite e para a elite.
O pior é que este comportamento podemos perceber em vários outros municípios
pelo país afora e quando queremos ver as informações sobre como as ações do
governo foram feitas (prestação de contas) não nos é permitido avaliar.
Na
seqüência de nossa fala o Acácio fez uma explanação sobre o panorama em
Adamantina com as ações de sua administração como secretário. Ele afirmou que depois
de um período sem muitas novidades na cidade, começaram os trabalhos inspirados
em uma gestão anterior feita por Silvio Graboski na tentativa de um resgate de
algumas ações que foram perdidas ao longo dos anos tentando reconstituir um
cenário de manifestações artísticas que havia nesta gestão citada. Porém, os
recursos pra cultura em uma cidade pequena também é muito pequeno é se faz
necessário buscar financiamento em outras fontes que não só a prefeitura
municipal, apesar de terem também uma boa relação também com o governo do
Estado. E, aos poucos conseguiram provocar as pessoas da cidade com o início de
uma pequena programação de artes que sempre teve minimamente um resultado
favorável de público e crítica.
Com isso perceberam que, de
certa maneira, estavam construindo um cenário que dava suporte pra criação
artística, havia um pequeno fomento a arte local na Banda Marcial com mais de
20 anos de trabalho, o teatro com a Cintia, Tiago Casado e o Rafael (Báquicos),
o artesanato e outras manifestações da cultura popular.
Também falou da dificuldade em
engrenar algumas ações culturais e de como pode ser solucionado esse problema.
O Tiago se lembrou do exemplo em Mirandópolis que fomos em uma apresentação
através do Circuito Cultural e tivemos pouco público e depois voltamos lá e
percebemos que estava acontecendo mudanças. A conversa com a representante da
cultura de lá foi boa e realmente tivemos outro perfil de público. Realmente
algumas ações, como estes exemplos de maturidade para a formação de público,
demoram um tempo pra funcionar de maneira eficiente. Outro exemplo é o nosso
Ponto de Cultura que agora começa a ter resultados melhores. Contamos a
história do ICC (Índice de Chutamento de Canela). O ICC é medido pelo tanto que
apanhamos da molecada nos bairros por onde fazemos questão de levar nossa
programação. Aos poucos o ICC baixou a quase a zero e o bem cultural começa a
ser visto de outra maneira pelo público e pela própria molecada que antes não
conseguiam ficar quietos. Mas existe também a necessidade de uma programação
mais constante. Com o Ponto de Cultura em 2010 conseguimos levar 95 atividades
para a periferia da cidade de Presidente Prudente coisa que sem o Ponto de
Cultura dificilmente teremos condições de fazermos isso novamente.
A facilidade das programações
serem feitas na rua atraem as pessoas. Percebemos que existe um receio muito
grande do público em se aproximar. Receiam por diversos motivos, por acharem
que isso é coisa de gente rica, por acharem que não vão gostar, por suas
vestes, etc. E isso se dissipa aos poucos. Isso passa por uma compreensão do
direito que as mesmas têm em ver Arte. Do público que pretendemos as crianças
aceitam mais fácil a novidade, os adolescentes chegam com reticências e os
adultos por final se aproximam quando se sentem mais seguros que não vão ser
aviltados ou que não será uma programação chata de se acompanhar de maneira
obrigatória. Quando eles percebem que não tem nenhuma vinculação com brindes,
comida, política, prêmios ou festividades outra que não seja apenas o bem
cultural para serem apreciadas e pouco a pouco estas pessoas nos reconhecem como
alguma coisa diferente e que antes não tinham contato mesmo. Aos poucos, sem
precisar falar como se vestir para ir as nossas programações ou como se sentar
para apreciar os bens culturais ofertados, as pessoas começam a valorar o que
recebem e entender que o que estamos fazendo verdadeiramente é pra eles. As
vezes sentimos que esses avanços feitos se aproximam com a idéia de frentes
pioneiras. Porém, não é um erro levar programações para o centro das cidades, o
problema é apenas levar para lá em detrimento dos demais lugares da cidade.
Levando em consideração estes
aspectos que são primários pensamos a relação que acontece nos bairros. Esse é
o ponto de partida e as pessoas destes lugares devem vir conosco na construção
desse processo. Não queremos soluções que venham de escritórios fechados com
negócios escusos que se julgue no direito de dizer o que deve ser feito. Deve
ser levado em consideração o pensamento coletivo.
Se pensarmos a cidade como um todo percebemos
que Saúde, Assistência Social e educação já estão chegando à maioria dos
bairros da periferia da cidade. Porém, no caso de Presidente Prudente, por
exemplo, cria-se um ícone de cultura em ponto específico da cidade que é o
Centro Cultural Matarazzo, mas esse ícone é falso e insuficiente para servir a
população da cidade como um todo. Uma família desprovida de recursos não sai de
um bairro periférico para ir ao centro ver uma exposição fotográfica que seja.
Fazendo outra análise, se por acaso, fossemos servir a cidade com cultura e
arte em sua plenitude não daríamos conta da demanda e levaríamos um tempo para
entender essa nova dinâmica.
Isso
é apenas o processo de formação de público que falamos acima e a formação dos
grupos novos de arte é mais difícil e complexa ainda. Os grupos surgem e além
dos problemas enfrentados na relação cotidiana de problemas e falta de recursos
os mesmos fazem trajetórias enormes de desencontros baseados no amadorismo de
suas ações. Existe uma necessidade de um suporte para que os grupos possam se
formar artisticamente para além da formação das escolas e de uma maneira mais
empírica e não paternalista.
A
discussão foi mais longe sobre isso.
Quem vai pagar pelo processo de
formação de um artista?
Lembramos da discussão em Ilha
Solteira com as alunas do Balé e do “Paitrocínio”. Ou seja, se não for a
família que dá certo apoio a coisa não vai pra frente de maneira alguma. Se não
tem isso apela pra onde? Por estes e outros motivos é que os grupos têm muita
dificuldade em se dedicar a ensaios e outros processos formativos fazendo obras
de arte de pouca qualidade e sem interesse público.
Podemos perceber em Adamantina
que a dinâmica cultural não é de uma cidade de 35 mil habitantes do interior do
estado. A Secretaria sempre tem alguma programação com qualidade e isso é uma
política do governo municipal atual e os funcionários desta Secretaria acreditam
que quando mudar o governo a população vai cobrar por uma programação de
qualidade. Isso por conta das ações no Conselho Municipal de Cultura e da
maneira como os próprios funcionários públicos trabalham na cidade.
Debate em Adamantina
Em
Adamantina este bate papo fez parte da programação do projeto “Roda Cultura” no
distrito de Lagoa Seca. Tivemos o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e a
conversa foi animada e se não fosse o horário adiantado para o almoço o papo iria
mais longe.
Estavam
presentes vários funcionários da própria Secretaria Municipal de Cultura como o
Passarinho, a Jurema com seu filho Enrico seu marido o grande cozinheiro
Valter, o Acácio, Henrique, Irisvaldo, Patrícia e a Cintia com o Pedro seu
filho.
Fizemos
uma prévia do que pretendíamos ali com nossas discussões sobre a realidade
local do cotidiano artístico dos grupos de artes e as políticas voltadas para a
cultura no âmbito municipal.
A
administração pública em qualquer Secretaria tem que ser planejada, discutida e
avaliada junto com os beneficiários da mesma e não seria diferente na área da
cultura. Em Presidente Prudente, nossa experiência nesta participação junto a
Secretaria de Cultura foi das piores no Conselho Municipal de Cultura. Passamos
por vexames com manifestações cretinas, mentiras do próprio Secretario
Municipal Fábio Nougueira e coerções do poder público municipal e foi
necessário explicar mais a fundo a este grupo que se iniciava a conversa os
motivos pelo qual somos contra a ação apática, personalista e coronelista dessa
pasta sem sermos partidários em nossas avaliações sobre as políticas feitas que
não podem ser consideradas como pública e produzida pela elite e para a elite.
O pior é que este comportamento podemos perceber em vários outros municípios
pelo país afora e quando queremos ver as informações sobre como as ações do
governo foram feitas (prestação de contas) não nos é permitido avaliar.
Na
seqüência de nossa fala o Acácio fez uma explanação sobre o panorama em
Adamantina com as ações de sua administração como secretário. Ele afirmou que depois
de um período sem muitas novidades na cidade, começaram os trabalhos inspirados
em uma gestão anterior feita por Silvio Graboski na tentativa de um resgate de
algumas ações que foram perdidas ao longo dos anos tentando reconstituir um
cenário de manifestações artísticas que havia nesta gestão citada. Porém, os
recursos pra cultura em uma cidade pequena também é muito pequeno é se faz
necessário buscar financiamento em outras fontes que não só a prefeitura
municipal, apesar de terem também uma boa relação também com o governo do
Estado. E, aos poucos conseguiram provocar as pessoas da cidade com o início de
uma pequena programação de artes que sempre teve minimamente um resultado
favorável de público e crítica.
Com isso perceberam que, de
certa maneira, estavam construindo um cenário que dava suporte pra criação
artística, havia um pequeno fomento a arte local na Banda Marcial com mais de
20 anos de trabalho, o teatro com a Cintia, Tiago Casado e o Rafael (Báquicos),
o artesanato e outras manifestações da cultura popular.
Também falou da dificuldade em
engrenar algumas ações culturais e de como pode ser solucionado esse problema.
O Tiago se lembrou do exemplo em Mirandópolis que fomos em uma apresentação
através do Circuito Cultural e tivemos pouco público e depois voltamos lá e
percebemos que estava acontecendo mudanças. A conversa com a representante da
cultura de lá foi boa e realmente tivemos outro perfil de público. Realmente
algumas ações, como estes exemplos de maturidade para a formação de público,
demoram um tempo pra funcionar de maneira eficiente. Outro exemplo é o nosso
Ponto de Cultura que agora começa a ter resultados melhores. Contamos a
história do ICC (Índice de Chutamento de Canela). O ICC é medido pelo tanto que
apanhamos da molecada nos bairros por onde fazemos questão de levar nossa
programação. Aos poucos o ICC baixou a quase a zero e o bem cultural começa a
ser visto de outra maneira pelo público e pela própria molecada que antes não
conseguiam ficar quietos. Mas existe também a necessidade de uma programação
mais constante. Com o Ponto de Cultura em 2010 conseguimos levar 95 atividades
para a periferia da cidade de Presidente Prudente coisa que sem o Ponto de
Cultura dificilmente teremos condições de fazermos isso novamente.
A facilidade das programações
serem feitas na rua atraem as pessoas. Percebemos que existe um receio muito
grande do público em se aproximar. Receiam por diversos motivos, por acharem
que isso é coisa de gente rica, por acharem que não vão gostar, por suas
vestes, etc. E isso se dissipa aos poucos. Isso passa por uma compreensão do
direito que as mesmas têm em ver Arte. Do público que pretendemos as crianças
aceitam mais fácil a novidade, os adolescentes chegam com reticências e os
adultos por final se aproximam quando se sentem mais seguros que não vão ser
aviltados ou que não será uma programação chata de se acompanhar de maneira
obrigatória. Quando eles percebem que não tem nenhuma vinculação com brindes,
comida, política, prêmios ou festividades outra que não seja apenas o bem
cultural para serem apreciadas e pouco a pouco estas pessoas nos reconhecem como
alguma coisa diferente e que antes não tinham contato mesmo. Aos poucos, sem
precisar falar como se vestir para ir as nossas programações ou como se sentar
para apreciar os bens culturais ofertados, as pessoas começam a valorar o que
recebem e entender que o que estamos fazendo verdadeiramente é pra eles. As
vezes sentimos que esses avanços feitos se aproximam com a idéia de frentes
pioneiras. Porém, não é um erro levar programações para o centro das cidades, o
problema é apenas levar para lá em detrimento dos demais lugares da cidade.
Levando em consideração estes
aspectos que são primários pensamos a relação que acontece nos bairros. Esse é
o ponto de partida e as pessoas destes lugares devem vir conosco na construção
desse processo. Não queremos soluções que venham de escritórios fechados com
negócios escusos que se julgue no direito de dizer o que deve ser feito. Deve
ser levado em consideração o pensamento coletivo.
Se pensarmos a cidade como um todo percebemos
que Saúde, Assistência Social e educação já estão chegando à maioria dos
bairros da periferia da cidade. Porém, no caso de Presidente Prudente, por
exemplo, cria-se um ícone de cultura em ponto específico da cidade que é o
Centro Cultural Matarazzo, mas esse ícone é falso e insuficiente para servir a
população da cidade como um todo. Uma família desprovida de recursos não sai de
um bairro periférico para ir ao centro ver uma exposição fotográfica que seja.
Fazendo outra análise, se por acaso, fossemos servir a cidade com cultura e
arte em sua plenitude não daríamos conta da demanda e levaríamos um tempo para
entender essa nova dinâmica.
Isso
é apenas o processo de formação de público que falamos acima e a formação dos
grupos novos de arte é mais difícil e complexa ainda. Os grupos surgem e além
dos problemas enfrentados na relação cotidiana de problemas e falta de recursos
os mesmos fazem trajetórias enormes de desencontros baseados no amadorismo de
suas ações. Existe uma necessidade de um suporte para que os grupos possam se
formar artisticamente para além da formação das escolas e de uma maneira mais
empírica e não paternalista.
A
discussão foi mais longe sobre isso.
Quem vai pagar pelo processo de
formação de um artista?
Lembramos da discussão em Ilha
Solteira com as alunas do Balé e do “Paitrocínio”. Ou seja, se não for a
família que dá certo apoio a coisa não vai pra frente de maneira alguma. Se não
tem isso apela pra onde? Por estes e outros motivos é que os grupos têm muita
dificuldade em se dedicar a ensaios e outros processos formativos fazendo obras
de arte de pouca qualidade e sem interesse público.
Podemos perceber em Adamantina
que a dinâmica cultural não é de uma cidade de 35 mil habitantes do interior do
estado. A Secretaria sempre tem alguma programação com qualidade e isso é uma
política do governo municipal atual e os funcionários desta Secretaria acreditam
que quando mudar o governo a população vai cobrar por uma programação de
qualidade. Isso por conta das ações no Conselho Municipal de Cultura e da
maneira como os próprios funcionários públicos trabalham na cidade.