quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Inicio da coleta de informações sobre políticas de cultura no interior

Estamos reiniciando nossas atividade de coleta de informações! Algumas coisas estão surgindo de comum e até o final do semestre teremos um apanhando que diga algo de real sobre as demandas para o desenvolvimento artístico no interior!
Vamos lá!

Relatos de Ilha Solteria


Encontro em Ilha Solteira – SP (05/11/2011)
ProAc 02 - Circulação de espetáculos 2011

Neste encontro nos deparamos com uma realidade bastante diferente dos outros. Estávamos juntos com algumas pessoas que fazem teatro e muitas adolescentes que fazem parte da Academia de Dança Fiu-Flut. Como falaríamos sobre nosso processo de criação e políticas públicas culturais para o interior do estado de São Paulo de uma maneira que interessasse a estas pessoas? Foi muito legal!
Fizemos no dia anterior o espetáculo “Saltimbembe Mambembancos” para um público de mais 600 pessoas. Fomos recebidos pelo Secretário de Cultura que nos mostrou suas ações e maneiras de agir na cidade. Saímos de lá convencidos que realmente existe uma dinâmica cultural interessante na cidade. Depoimentos do próprio secretário de cultura e de outras pessoas que nos relataram enquanto lá estivemos.
Na reunião de sábado pela manhã apenas algumas pessoas tinham assistido nosso espetáculo. A maior parte do público deste encontro eram da Academia Fiu-Flut que vieram participar como atividade pedagógica importante para seu próprio grupo.
Falamos sobre nosso processo de criação dos espetáculos e produção de maneira bastante didática por conta do público que estávamos conversando. O interesse girou em torno de nossa formação e como foram sendo superadas as dificuldades do grupo nos seus 12 anos. Explicamos os anos de formação na Universidade, a opção em não dar aulas e sim depender de circulação de espetáculos de teatro de rua, os diversos trabalhos outros que chamamos de “rabo de foguete” que nos ajuda financeiramente.
Por conta de decisões em suas vidas particulares surgiu interesse nestas adolescentes sobre a nossa vida de artista e a relação com a família. Explicamos todos os nossos casos de rejeição familiar, uns mais outros menos, e como fomos superando algumas formas preconceituosas e marginais de enxergar o trabalhador artista. O Fernando contou a velha história que a Vó dele acordava ele de manhã pra ir na colheita do algodão, laranja e que parasse com o teatro que era coisa de viado. Acredita? Para poder exemplificar o nosso caso falamos sobre nosso extenso cotidiano de trabalho e a sobrecarga que temos contrariando a ideia do vagabundo artista fanfarrão.
Indicamos a insistência. Ou seja, faça com uma força tal que não é possível o que você esta fazendo não ter algum valor. Isto é um trabalho e tem que ter um conhecimento como tal. Tem que existir uma busca árdua pelo reconhecimento da família. E a dedicação dada a isso é muito maior do que num serviço outro porque existe a necessidade constante de estar procurando caminhos pro seu serviço.
A primeira brincadeira que surgiu com as pessoas que lá estavam foi sobre o braço machucado do Luis. Ele se acidentou durante o espetáculo em Ilha Solteira, mas antes de casar sara!
Recebemos elogios do dia anterior. Não sei bem se foi um elogio. Rosangêla Galana, a Tia Rô, da Academia de dança falou que nos somos palhaços HORORROSOS e ESQUISITÍSSIMOS. Que até somos bonitinhos, mas quando acontece o espetáculo somos muito feios, porém divertidíssimo.
Ela fez um histórico de sua academia e apontou os motivos pelos quais ela tinha trazido suas alunas explicando a realidade local de produção de arte. Falou também, sobre nosso espetáculo e a maneira como ele acontece. Reafirmou que é possível produzir arte de qualidade na rua.
Explicamos que fomos à pior atração do Circuito Cultural e que outras melhores virão!
O grupo local de teatro Cordel também estava nesta conversa e fizeram um histórico do grupo das dificuldades e vitórias em suas ações e dos primeiros passos da peça “Essa Mulher é Minha”.
A discussão caminhou muito sobre a discussão da produção de arte em grupo e seus conflitos. Em certa altura nos perguntaram se brigávamos. Dissemos que nunca tínhamos brigado e que vivemos em perfeita harmonia junto com a Tinker Bell e outras fadas no reino do amor. Como eram só adolescentes quase acreditaram, mas não deu certo nossa história do reino encantado e daí foi preciso falar das feridas.
Tentamos explicar que temos alguns esportes onde aliviamos a tensão o ogroboll e a luta dentro do carro. O Cinturão da luta no carro esta com o Gabriel.
Falamos sobre nossos problemas e dificuldades pra termos um espetáculo que achamos agradável. Este espetáculo foi produzido por 6 pessoas e assim para que aconteça vai ser necessário estas seis estarem lá. Nossos conflitos devem ter menos importância do que a arte produzida. Por que a convivência em grupo favorece esta produção. Para não termos problemas com relação teríamos que fazer espetáculos solos.
Depois destas conversas animadas com o pessoal passamos um trecho do vídeo do festival e Sobreira falou aos discípulos. KKKKK “ A Arte que produzimos não interessa ao mercado.”
Qualquer desvio ideológico do ponto de vista do status quo seu espetáculo já vai a margem do processo cultural. A arte pasteurizada, aquela dos bons macacos amestrados que não provocam mudança nas pessoas é interessante ao mercado. Porque vai ajudar a manter o poder. Essa arte apenas reafirma os valores de uma sociedade que na realidade é outra.
Sobreira explicou sobre nossas posições e a maneira como isso aparece em nossos espetáculos e nossos anseios.
Enfim, sendo uma cidade com muitas iniciativas culturais, os grupos de artistas ainda não estão se preparando para o profissionalismo e entender a lógica da produção cultural, dos editais, dos prêmios e outro caminhos para viver exclusivamente da arte. De algum modo continuam a dar aulas ou realizar trabalho paralelos ligados ou não à arte, mas não uma elaboração cultural fomentada para descolar e se profissionalizar.
Nesta busca de aproximar grupos de arte do interior para debates nos fez perceber um quase que desconhecimento do interior por parte da capital do Estado e o desconhecimento de seus próprios pares.